adl - favela vive 2 (cypher) lyrics
[letra de “favela vive 2” com alémdaloucura adl
bk’, funkero & mv bill]
[verso 1: lord]
eu levanto na febre, hein
fuzilando a alcateia de demônios que me seguem
eles querem meu sangue num cálice, na mão dos vermes se satisfazem
alguns cigarros de maconha, munições dentro da gaveta
sem ideia, sem letra
a vida anda um inferno, querem morte ou me querem na cadeia
na cadeira de rodas ou de réu de juízo
pagando porque eu dei prejuízo
na cena do crime, cheio de flagrante em cima
sem microfone, sem rima
acabado de drogas, ausência de sorriso
meu sangue escorrendo no meio-fio
olhando vitrine, planos pra vender cocaína
me espetar com a mesma seringa
de pistola ou então oitão, sem perdão
sem compaixão, sangue no chão, armas nas mãos
(não dá pra correr) é isso que eles querem
sem estudo sem razão, visão sem unção, só meu caixão
eles se empenham, até tiveram chance
mas cuzão que não tem foco se perde
eles nunca me esquecem, mas já nem mais alcançam
os mais sábios me pedem, pensem:
quanto de nós se foi?
o pior não falei, quanto filhos se perdem?
quantos nascem pra fazer a diferença?
e se isso é melhor que conseguem
bota a cara onde os becos fervem
pra ver a besta que vocês não conhecem
[verso 2: bk]
e quem sobe pra me matar é o mesmo que me vende a arma
então você que não sabe, ou finge que não sabe
pense bem na hora de apontar, ó o carma
você que quer minha morte, sobe
compra comigo, me deixa forte
chega a dar azia, eu vou fazer minhas notas
sair no pinote, antes que essa hipocrisia me note
é, lagrimas são de graça, sorrisos tão caros, os irmãos tão quebrado
entre o banho de prata, roendo igual traças, cortando igual lâminas
ser conciso é raro, é que o anjo arranca as asas se o lucro tá nos pecados
com o bolso cheio de ar, se sentindo sufocado
enquanto a padaria manipula a m-ssa, vende bolsonaro
há! eu que trago o sonho chamam de lixo sonoro
cansados da dor, gás pra se impor
quem se importou, quem se cortou, descarregou
dando um dois, quem conquistou reinos
quem engoliu verdade que vomita depois
às vezes cego, e não quero ser guiado pelo cão
não preciso de um pastor alemão
eu lucro fazendo dinheiro, mas ganho fazendo meus irmão pensar
somos iguais, não vamos nos matar
o crime te chama, rapaz, não se entregue de vez, negue de vez
não seja burro igual meu pai, não viu a coisa mais inteligente que fez
e o estado, estado crítico, tem me detestado e é reciproco
tem testado meu espírito, escapo sem equívoco
e vou, não é como se comportar no beat, e sim na vida, isso que é flow
[verso 3: funkero]
favela vive, no coração de cada morador
na lembrança de cada vida que a guerra levou
somos a tribo perdida, trazida de longe
somos filhos da lama, brasil que a mídia esconde
nos entopem de pólvora, coca, esgoto a céu aberto
e quilombos de madeirite e concreto
o futuro chegou e ainda usamos corrente
escravizados através do tráfico de entorpecente
nos empurram todo dia goela a abaixo
ódio, medo, desespero e incentivo à violência
dizem que somos bandidos
mas quem mata usa farda e exala despreparo e truculência
cada beco da cidade guarda um pouco da guerra
com projéteis que acerta, com projéteis que erra
parece cocaína, mas é só tristeza
ódio nos olhos de quem só conheceu pobreza
quem é o inimigo? quem é você?
nessa guerra sem motivos e sem vencedor
quem é o inimigo? quem é você?
a bala perdida acha o outro sofredor
somos soldados pedindo esmolas
crianças de pistola, jogando a infância fora
ninguém incentiva um favelado a ler, escrever
nós já nascemos preparados pra morrer
nos proibiram de sonhar, se foderam
somos o monstro que vocês criaram, seu pesadelo
essa porra é um campo minado
pm aplica pena de morte com aval do estado
quem tá certo? quem tá errado?
só sei que o alvejado é sempre o favelado
quantos irmãos tombaram, cedo demais
favela vive sangrando implorando por paz, paz
[verso 4: dk]
beco da mina é vietnã
faixa de gaza, terreno hostil
onde a gente abraça quem a gente ama
mas nós não pode largar o fuzil
desde o dia que eu lembro que o abo caiu
foi que aumentou todas minhas neuroses
virar a madrugada, charrar na cachaça e depois pilotar as motos mais velozes
c-mpade lord, eu também ouço vozes
vamos testar o peito do super-homem
eles tão falando que fecha 10 a 10
então nosso bonde fecha 11 a 11
do alto do morro, tô olhando pra longe
querendo paz dentro da minha favela
tô bolando um plano, treinando uma tropa que
dorme e acorda já pr-nta pra guerra
defendo cada palmo da terra
o certo é o certo, certo é o fundamento
mexer com um de nós, nós busca dentro de casa
deixar pegado pra ficar de exemplo
mas nesse momento só penso no lucro
conto essas notas por notas, com calma
coração não tenho há um tempão, vagabundo
falta bem pouco pra eu perder minha alma
não deixa o dinheiro vim e fazer nós, mano
nós que faz o dinheiro
enquanto o rap nascer na favela, vão ser as mulher e as criança primeiro
lamba os beiço, fuma do meu beck
taças pro alto de dom pérignon
coma da minha carne, aproveite o banquete
que hoje vai ser sua ultima refeição
só favela vive
[verso 5: mv bill]
se for pra botar pano quente eu prefiro o isqueiro e botar fogo
olho grande no progresso alheio, isso é inveja, pra mim não é jogo
aqui nesse mundo, bandanas na cara não valem de nada
pequenos soldados da vida real carregando fuzil e granada
favela vive! bagulho de sujeito homem, não de moleque
não vem querer pagar de patrão
aqui ninguém é chefe só por que fuma um beck
vai além da visão, sair de casa e bater de frente com o caveirão
com um 762 apontado na minha cabeça
o cana me revistando e cheirando minha mão, não
papo de realidade, vários não chegaram na minha idade
não dá pra acreditar que vai mudar se trocar o nome de favela pra comunidade
pouco importa a nomenclatura se falta cultura
louca vida dura foi pra sepultura
vendo a escravatura, hoje ninguém atura
tem que ter postura pra poder cobrar da prefeitura
na gaveta gelada do iml
vários amigos que foram abatidos pela cor da pele
tática inimiga, bota a bala pra comer e menos um n-gg-
atiram na nuca primeiro, derrubam certeiro, pra perguntar depois
a mídia não cala nossa voz, favela vive parte 2
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