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deolinda - canção ao lado lyrics

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desculpem, doutos homens, estetas
espíritos poetas, almas delicadas
a falsidade do meu génio e das minhas palavras
e é a erudição que eu canto
que é da vida, o espanto, que é do belo, a graça
mas eu só ambiciono a arte de plantar batatas

desculpem lá qualquer coisinha
mas não está cá quem canta o fado
se era p’ra ouvir a deolinda
entraram no sítio errado
nós estamos numa casa ali ao lado
andamos todos uma casa ao nosso lado

bem sei que há trolhas escritores
letrados estucadores e serventes poetas
e poetas que são verdadeiros pedreiros das letras
e canta em arte genuína
o pescador humilde, a varina modesta
e tanta vedeta devia dedicar-se à pesca

desculpem lá qualquer coisinha
mas não está cá quem canta o fado
se era p’ra ouvir a deolinda
entraram no sítio errado
é que nós estamos numa casa ali ao lado
andamos todos uma casa ao nosso lado

por não fazer o que mais gosto
canto com desgosto, o facto de aqui estar
e algures sei que alguém mal disposto ocupa o meu lugar
ninguém está bem com o que tem
e há sempre um que vem e que nos vai valer
porém quase sempre esse alguém não é quem deve ser

desculpem lá qualquer coisinha
mas não está cá quem canta o fado
se era p’ra ouvir a deolinda
entraram no sítio errado
é que nós estamos numa casa ali ao lado
andamos todos uma casa ao nosso lado

e é a mudar que vos proponho
não é um p-sso medonho em negras utopias
é tão simples como mudar de posto na telefonia
proponho que troquem convosco e acertem com a vida



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