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facção central - sonhos que eu nao quero ter lyrics

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que fique cego o olho que me vigia,
que fique muda a língua que me denúncia.
que um derrame paralise o pé que me persegue
e um câncer ampute a mão que me aponta a intratec.
o boneco de ventrículo quer interagir no que vai sonhar,
sem bracelete de condicional no calcanhar.
cadê o procon, a defesa do consumidor?
meu livre arbítrio nunca funcionou.
não sonhei em pular da laje em fuga da samaro,
com as coronhadas até o cérebro formar coágulo.
nem em michar com grampo a fechadura do inimigo,
metralhar toda a família, só poupar os filhos.
quis fazer direito sem ponto no ouvido na prova
sem alguém p-ssando o gabarito com a resposta.
pra não ter doença ortopédica por dormir na calçada,
nem a sopa na caixa longa vida reaproveitada.
hoje sonho com as obras de arte da família lafer,
vai puta não embaça, cadê o portinari?
tó menor a rossi ciclop’s com aparelho ótico
puxa o gatilho se sujar cê sai logo.
seu sonho de academia brasileira de letra um dia,
vira sonda urinária e soro irrigando a bexiga.
com lorenzetti queimado no banho no inverno
sonho em ser oswald mandando o presidente pro inferno.

refrão:.

não trocaria tiro com o deic de uzi israelense,
se eu fosse livre pra sonhar…
não raptaria da van escolar os filhos do gerente,
se eu fosse livre pra sonhar…
não venceria só com show business ou chuteira da penalty,
se eu fosse livre pra sonhar…
faria andar no barro o rolls royce do presidente,
se eu fosse livre pra sonhar.

a blockbuster não aluga dvd pra você,
o mc donald’s não faz big mac pra você,
o designer da ford não desenha pra você,
o hopi hari não quer brincar com você.
pro seu endereço as lojas, copagaz não entrega
as cartas não chega, o patrão não emprega.
quem sonhou com jantar no pote de margarina
e servir café no copo de m-ssa de tomate pra visita.
em ver a mãe presa no extra roubando cosmético
e ligar extorquindo cartão telefônico do comércio.
que tal cê dando audiência pra novela das oito
moscando nas fofoca da bicha do leão lobo.
e na cl-sse um 486, sem banda larga
acaba aula sem abrir a página na internet discada.
uma biblioteca pública pra 3 milhões na zona sul,
os bico linchando quem matou o vigia do itaú.
vi minha mãe ouvindo gil gomes no rádio am,
sonhando que eu não fosse outra vítima dos pm.
mas com farmácia popular, fome zero, bolsa família
meu destino é o setor de traumatologia.
respirando por aparelho o rival enquadra e atira em mim,
depois no bar em 15 minutos, ri, joga pimbolim.
aqui se o teste de gravidez der positivo
a mina sonha com alguém pra comprar seu filho.

refrão:.

não trocaria tiro com o deic de uzi israelense,
se eu fosse livre pra sonhar…
não raptaria da van escolar os filhos do gerente,
se eu fosse livre pra sonhar…
não venceria só com show business ou chuteira da penalty,
se eu fosse livre pra sonhar…
faria andar no barro o rolls royce do presidente,
se eu fosse livre pra sonhar.

boy você fere o corpo mais a mente não aprisiona,
a frase de gandhi ecoa no som da sanfona.
no repique, timba, cavaquinho na quermesse,
no palco improvisado, na rima do rap.
emociona meu povo rindo, mesmo na mira do ak russo,
já o seu com a queda da bolsa, corta os pulsos.
cohab, cdhu, bnh, em sp, vira pc, cdp, crp.
sonho de rico é meu pivete mijado na creche,
sem shampoo johnson, hipoglós, higiapele
minha mulher de conjunto desbotado de moletom,
unhas sem manicure, cabelos sem koleston.
essa é a química pra yakuza, camorra, pcc,
triade chinesa, organizacija, cv.
pro boy fazer krav magá, direção defensiva
16 horas de curso de prevenção na polícia.
a cada grama traficada nos jardins me sinto vingado,
vendo o rico pra não morrer matando o filho usuário.
o abismo social pisca em néon em interlagos,
pobre vê o rubinho do telhado e a elite do alambrado.
no dia do desarmamento 09 de julho,
que eu não seja a estatística na caçamba de entulho.
sem datiloscópico indigente sonhando em ser exumado,
pra ter um nome na lapide e um retrato.

refrão:.

não trocaria tiro com o deic de uzi israelense,
se eu fosse livre pra sonhar…
não raptaria da van escolar os filhos do gerente,
se eu fosse livre pra sonhar…
não venceria só com show business ou chuteira da penalty,
se eu fosse livre pra sonhar…
faria andar no barro o rolls royce do presidente,
se eu fosse livre pra sonhar.

letra corrigida por: fany cabral (stephanie-cabral@hotmail.com)



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