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kalew nicholas - fujo lyrics

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do chão não passo?
deitado em ruas de barro
ainda sou refém de quedas

o capacete era pra me poupar
dum traumatismo craniano
e do desabar desse teto
mas vivo sem metas
há anos e há danos
e regrido até ser feto
a gravidade puxa e eu aplaudo a queda
poeira, insetos, angústia e eu no meio
como me adaptar à cidade que vibra
ao assistir rodeios?
se pudesse escolher
nasceria em ano biss+xto
nunca celebrei
mas dói lembrar que envelheço
oito números no rg
eu assino e nunca leio
desperdício com culpa
tipo a ver sem dar um beijo
ser eu mesmo é pesadelo
me sinto mais só na multidão
do que sozinho em casa
na minha própria companhia
me associar é um medo?
sou sozinho ou sou povão?
há dias em que o afeto me mata
e dias em que salva minha vida
não sei se prospecto amizades
ou fortaleço as antigas
planejar viver será vida?

de que adianta
me construir em palavras
que há tantos anos
não acompanham o que penso?
acompanhado por milhões
me ancorei numa só
que hoje não me acompanha
e milhões me culpam
por ainda acompanhá+la
enquanto fico pra trás
fujo
me afastei de utensílios de prata e ouro
e me vi engolido num não+sei+se+lugar
que mais valoriza o ouro e a prata
noutra ilógica
deixei de ser útil
por que a adotei como ancoradouro
se nunca houve água pra navegar
e todo h2o tá contido no copo de mágoa
tão tóxica?
a culpa é do meu surto
não sei se sondas são choro ou soro
ou se há perdão pra me curar
ou se dependência emocional é nata
ou mórbida
futuro mudo?
tento e me refugo
mas me afogo
no meu pranto quase mudo
não me altero e me isolo
vou sozinho, sem ela
mas pra trás eu sempre olho
na esperança
quase nula
do meu corpo não ser sódio

o amor culposo do pós+término
me leva à cidade de refúgio
residente estrangeiro numa terra
sem datas e números
onde me autoanulo, anônimo a tudo
e supérfluo ao mundo
o que quero tá além desse muro
onde me acusam menos que me culpo
a intenção do ódio é genuína, eu mudo
mas não me expresso sincero em público
todo ódio meu é forçado no púlpito
enquanto súbito o amor me sobe
cúmplice da noite de tanta tosse
ela ignora a nitidez desse meu corte
e eu sei: o que é morte já foi norte
o dilema é real
mas não posso fingir
do que é bom
já não posso esquecer
então admito que ainda a admiro
e se me omito é pra me livrar da culpa
de não conseguir reprimir o que sinto
peço perdão pelo vacilos



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