l_cio - construção lyrics
[letra de “construção” por chico buarque, remixado por l_cio e k_ri]
[verso 1]
amou daquela vez como se fosse a última
beijou sua mulher como se fosse a última
e cada filho seu como se fosse o único
e atravessou a rua com seu p-sso tímido
subiu a construção como se fosse máquina
ergueu no patamar quatro paredes sólidas
tijolo com tijolo num desenho mágico
seus olhos embotados de cimento e lágrima
sentou pra descansar como se fosse sábado
comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
dançou e gargalhou como se ouvisse música
e tropeçou no céu como se fosse um bêbado
e flutuou no ar como se fosse um pássaro
e se acabou no chão feito um pacote flácido
agonizou no meio do p-sseio público
morreu na contramão atrapalhando o tráfego
[verso 2]
amou daquela vez como se fosse o último
beijou sua mulher como se fosse a única
e cada filho seu como se fosse o pródigo
e atravessou a rua com seu p-sso bêbado
subiu na construção como se fosse sólido
ergueu no patamar quatro paredes mágicas
tijolo com tijolo num desenho lógico
seus olhos embotados de cimento e tráfego
sentou pra descansar como se fosse um príncipe
comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
bebeu e soluçou como se fosse máquina
dançou e gargalhou como se fosse o próximo
e tropeçou no céu como se ouvisse música
e flutuou no ar como se fosse sábado
e se acabou no chão feito um pacote tímido
agonizou no meio do p-sseio náufrago
morreu na contramão atrapalhando o público
[verso 3]
amou daquela vez como se fosse máquina
beijou sua mulher como se fosse lógico
ergueu no patamar quatro paredes flácidas
sentou pra descansar como se fosse um pássaro
e flutuou no ar como se fosse um príncipe
e se acabou no chão feito um pacote bêbado
morreu na contramão atrapalhando o sábado
[saída]
por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir
a certidão pra nascer, a concessão pra sorrir
por me deixar respirar, por me deixar existir
deus lhe pague
pela cachaça de graça que a gente tem que engolir
pela fumaça, disgraça, que a gente tem que tossir
pelos andaimes, pingentes, que a gente tem que cair
deus lhe pague
pela mulher carpideira pra nos louvar e cuspir
e pelas moscas-bicheiras a nos beijar e cobrir
e pela paz derradeira que enfim vai nos redimir
deus lhe pague
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