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mc mestiço - carolina de jesus lyrics

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o rap é tudo que temos
e o que temos pra eles não é nada
a escrita me salva da loucura
mas da fome ela não me salva
eu faço rap por que amo
mas só amor não dá compromisso
meu rap alimenta almas cansadas
mas quem vai alimentar meus filhos?

12 profetas falaram que eu não seria ninguém
não chegaria nem nos 23
minha cruz eu carreguei
essa rima fecha em 33
morri e renasci varias vez no final do mês
desespero eu paguei
tipo o mano brown eu voltei
com tanta soul que eles exorcizaram o play
mestiço é tipo um machado de assis
hip+hop não é sobre mc’s
não adianta o ano ser lírico
se nas escola não pagarem professores
eu quero um milhão sem repetir refrão
meu rap é chave, chave de grilhão
quilombo do ambrósio libertando os menor
da sina de parar em um camburão

coloco calibre pesado nas rimas
boto a miséria na mira
tipo carolina maria de jesus
somos resistência e poesia
oficina de rima no 2000 é resistência
wellington e edson é resistência
agnes, duda, vanessa
ondaka, ongusu é resistência

carrego cruz e souza na rima
mas eles nem sabe ler
é um símbolo cês tem que entender
meu rap ensina, mas quem faz poesia
também precisa comer
não sei quem é você na fila do rap
negue o boombap 3 vezes, volto no trap
minha música fala com o espírito
chico xavier na track
rap é a nova igreja
falsos profetas, falsas canetas
o que movimenta o hip+hop
são as ideias ou etiquetas?
encarando anhanguera
não comecei mas termino essa guerra
rap mensagem versos rap festa
quem ganha é empresário
rap, eles detesta

dentro do busão tramando revolta
um marighela em cada escola
lucas grilo na parede contra o dória
os nossos no alto isso é vitória
sem corda no pescoço igual tiradentes
só corda de ouro e ouro nos dentes
minas é rima de ouro nas mente
em nota nós é rico liricamente

rap barroco ostenta boa rima
aleijadinho nessa obra prima
artista preto não reconhecido
só vou parar quando a minha mãe for rica
o rap é a riqueza dos manos
vamos ler livros e comprar bons panos
jogar na esquerda tipo milton santos
driblar vários jão tipo mané garrincha no santos
rap que enfrenta padrão
rap que enfrenta patrão
minhas irmãs e irmãos
donos das gravadoras
e donos dos meios de produção
meu dedo é gatilho nessa caneta
meu sangue quente escorre nessa letra
em evasão escolar nós é tetra
por isso meu rap faz ler e não treta

treta só for contra esse indivíduo
que apoia tortura, incentiva racismo
cuidado porquinho, cuidado porquinho
cês tão chamando o lobo de mito
só respeitam a mulher
usando turbante se ela tiver pele branca
revolta de carranca, a mente destranca
nosso orgulho é poder, ninguém arranca

rafael braga foi preso
o filho da juíza saiu ileso
a justiça não é cega
ela enxerga a cor da pele e o dinheiro
meus ancestrais morreram pelo ouro
minas gerais liberdade é osso
quantos inconfidente preto
que lutaram e nenhum deles ficaram famoso?

rap almirante joão cândido
justiça pros que morreu atravessando
crítico igual lima barreto nesse cântico
deixando racistas em pânico
sob as “aguas de março” eu caminhei
meu signo é peixes, quero “as de cem”
salve a brisa, “as veias abertas da américa”
salvem também

me chamem luís gama, libertei
das correntes no pescoço e na mente
rap’s burros dizem, vocês amém
não quero flashes, me iluminei
conhecimento vicia é tipo uma droga
me chamem de “nem”
quero mais traficantes que ensinem
vocês me devem meu cheque assinem
não vacilem

taco fogo onde os “kkk se reúnem
zero o jogo antes que me eliminem
no rap meu nome assinei
meu nome não é tassia reis
mas essa rima eu coroei
canto o que eu sei
tipo toi e dj nenê “pra chegar”
nessa rima eu cheguei
longe de ser um sensei
tipo marboy thugzz invulnerável
essa rima eu matei



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