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moniztico - boca de cena - intro lyrics

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já são nove na montra do relógio na minha fronta
o show começa às nove e meia, chego atrasado aos camarins, ok
são nove em pont’a ver se o carlos não deu conta
arranco as meias enquanto trauteio falas em mandarim
sou o benjamim do grupo, aqui é só maestros
eu não tenho canudo nem consagrações, só estro
há um motim dentro de mim morro dos nervos
hoje ou eu conquisto a glória ou o epíteto de arlequim
alcanço o meu camarim duma vez por todas
o charriot não está aqui, quem é que lhe deu rodas?
o elenco em charivari deixa-me a mente às rodas
no teatro os teus colegas ‘tão sempre a dar-te f—-
já ‘tou nervoso de sobra
três anos sem subir ao palco é obra
já tenho o figurino o charriot ‘tava no piso inferior
e sem aviso ir lá pôr é contra as regras
já ‘tou mais atrasado, torpor treme-me as pernas
e empalece a cor enquanto oiço um “andor” do contrarregra
só faltam dez minutos p’ro checksound com o sonoplasta
no foyer já se prevê público entusiasta
não sei da m—- da base mas se eu pergunto a alguém
quase me arrisco a uma agressão, estão todos na borrasca!
‘tou cada vez mais à rasca!
faço um sinal à kim mas ela também ‘tá ocupada
e agora é uma dor de barriga danada, f—-se os nervos
obrigam sempre a uma viagem inopinada
evacuei pela metade e fiquei com a marcha afetada
o contrarregra bateu à porta trancada e eu tive que sair
com a maquilhagem mal-espalhada vou testar o microfone
a ver se quem está na ponta da sala me consegue ouvir
e ao ver vir o público mesmo com o pano cerrado
de súbito o pânico subiu pelo meu vulto mal talhado
sinto-me como um farroupilha, um maltrapilho, atrapalhado
em frente à matilha sedenta dum brilho que eu não trago
ou trago? se calhar não é por acaso
esta casa cheia pra uma estreia que sou eu que trago
eu tive três anos de armistício a aprimorar o ofício
pra que hoje na boca de cena eu próprio seja o palco



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