tom zé - se o caso é chorar [ao vivo] lyrics
[falado]
agora vou cantar uma coisa pra os da minha idade, depois a gente toca umas coisas– pra os da minha– quero dizer: que os da minha idade saberão cantar comigo
[cantado]
se o caso é chorar
te faço chorar
se o caso é sofrer
eu posso morrer de amor
vestir toda minha dor
no seu traje mais azul
restando aos meus olhos
o dilema de rir ou chorar
amor deixei
sangrar meu peito
tanta dor
ninguém dá jeito
amor deixei
sangrar meu peito
tanta dor
ninguém dá jeito
amor deixei
sangrar meu jeito
pra tanta dor – tanta dor, tanta dor
ninguém tem peito
se o caso é chorar
[falado]
agora é uma colagem toda com letra dos outros. aliás, essa música é toda plágio. é até bom aproveitar a oportunidade pra contar a vocês o lado avesso da história, né? que essa mṕusica fez sucesso, foi primeiro lugar da parada no brasiul durante meia dúzia de semanas e durante o ano quase inteiro em 1973, e essa música é toda plágio. e a ideia de fazer uma canção que fosse toda plágio nasceu por causa de uma canção anterior que também as pessoas da minha idade se lembram, que é aquela valsinha que dizia -ssim:
p-sso a p-sso
braço a braço
um sorriso
um silêncio
sete horas
oito dias
dezenove
vim te ver
[falado]
e segue -ssim, né… essa música ganhou num festival da hebe camargo o primeiro lugar. e aí saiu no estadinho, no jornal estado de são paulo, naquele jornal da tarde, numa seção “o leitor escreve”, e tava escrito lá: “a música de tom zé, ‘silêncio de nós dois'” – essa música se chama “silêncio de nós dois” – é plágio de garcía llorca, na página tal e qual”, eu digo: “valha-me nossa senhora!” corremos lá em casa, pegamos o garcía llorca, fomos em cima da página e… hmmm, tinha também lá a palavra amor e tal. então, tudo bem. mas eu falei -ssim: “puxa, é uma ótima ideia fazer uma canção que seja toda plágio”, e comecei a pensar no -ssunto. me lembrei dessa harmonia:
[violão]
[falado]
que é do estudo número 2 de chopin. e, inclusive, vocês jpa conhecem ela em outra música brasileira que é a mesma coisa também, só a batida que é diferente:
[cantando]
a insensatez
que você fez
coração, tão sem cuidado
[falado]
então a harmonia é a mesma. então eu peguei essa harmonia e botei. a forma eu me lembrei que antônio carlos & jocafi, naquele tempo dava umas regras do mercado nacional com aquela– aquele tipo de coisa, mais ou menos -ssim: a primeira parte menor, um sintaxe da língua portuguesa mais ou menos estranha, pra ficar parecendo uma coisa tipo luz de boite, -ssim, simbolicamente, metaforicamente. não precisava dizer nada, bastava ter uma dorzinha e tal, e amor por aqui, amor por acolá. então eu comecei a construir essa estrutura:
[violão]
[falado]
que não quer dizer absolutamente nada, quer ver, prestem atenção:
[cantado]
se o caso é chorar
te faço chorar
se o caso é sofrer
eu posso morrer de amor
vestir toda minha dor
no seu traje mais azul
restando aos meus olhos
o dilema de rir ou chorar
[falado]
no fim, eu queria bota -ssim:
[cantado]
deixando os meus olhos
vazados de tanto chorar
[falado]
minha mulher disse: “não, -ssim também é esaculhambação. -ssim também, também -ssim ninguém vai te levar a sério… ‘olhos vazados de tanto chorar’? quer diabo, você é louco também, tenha paciência, não pode brincar também…”. então eu também… “deixando os meus olhos…” mudei lá a letra e tal
e perna, meu parceiro, tava aqui em são paulo, ele disse: “tem uma música dos beatles…” dos beatles não, dos rolling stones, né, que é imitação dos beatles naquele tempo… [risos] que fala um negócio mais ou menos -ssim: “sangrar meu peito, não sei o que”. ele aí deu a ideia:
[cantado]
amor deixei
sangrar meu peito
tanta dor
ninguém dá jeito
amor deixei
sangrar meu jeito
pra tanta dor – tanta dor, tanta dor
ninguém tem peito
se o caso é chorar
[falado]
agora, a segunda parte é uma colagem. não tem nenhuma palavra minha, é tudo música dos outros. vê se vocês descobrem. não tem nenhuma palavra minha, eu juntei música de sucesso dos outros:
[cantado]
hoje quem paga sou eu
o remorso talvez
as estrelas do céu
também refletem na cama
de noite na lama
no fundo do copo
rever os amigos
me acompanha o meu violão
amor deixei… (vamos agora?)
amor deixei
sangrar meu peito
tanta dor
ninguém dá jeito
(amor deixei sangrar meu jeito)
amor deixei (meu jeito)
sangrar meu jeito (pra tanta dor)
pra tanta dor – tanta dor, tanta dor
ninguém tem peito (é a inversão_
se o caso é chorar
[falado]
bom. e aí… [inaudível]
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