emithir – castelo de papelão lyrics
pai, hoje eu venho só pra te pedir perdão
hoje mesmo tava na igreja
e pesou meu coração
pois lembrei de toda a peleja
nasci com cristo no berço
mesmo -ssim disfarço
nunca representei 1/3
disso que eu digo que eu faço
e eu sabia que eu tava errado
e as verdades são tuas
se deus salvou minha vida
não era pra eu ter duas
nunca desacreditei
talvez não levei a sério
árvore sem fruto
não notei meu espírito estéril
hoje eu me arrependo
quando lembro do que já fiz
decepcionando a deus
tratando a fé como atriz
me perda, eu oscilei
às vezes perto ou distante
e me constrange lembrar
que o senhor se manteve constante
eu sou pecador
a minha fé se abala e falha
sobrevivi da minha coleção
de fogo de palha
dá vergonha de -ssumir
muitas vezes não fui exemplo
é muito fácil ser santo
quando eu tô dentro do templo
mas dá uma olhada lá fora
tanta vergonha eu dava
um desserviço pro reino, mano
eu não sei onde eu tava
com a cabeça pra cometer
tanto vacilo -ssim
se não fosse a graça
eu não sei o que seria de mim
procrastinei minha santidade
sob a desculpa de que
se deus perdoa
me arrependo depois que não é tarde
mas isso é mentira
e se eu morresse amanhã?
insisto, pois sei que já estive
mais perto da morte que de cristo
e o perfume de hipocrisia
utilizei cada pingo
notei que o cheiro durava
até o próximo domingo
reconheço meu erro
tua graça é bem vinda
errar é humano
e persistir no erro é mais humano ainda
e todos podiam ver
doía demais pra mim
toda vez que alguém perguntava
se todo crente era -ssim
força riso no mundo
e santidade na igreja
me achavam forte
mas era a máscara de um olho que lacrimeja
irmão, pessoas me olham, me acham um castelo forte
mas não. não p-sso de um castelo de papelão
um castelo de papelão, mas só que isso não…
isso não me torna fraco, não. me faz ser dependente
então… depender de ti me faz ser forte
me faz ser forte, mesmo que eu sinta que não. (2x)
e quanto mais crescia
mais me sentia moleque
senhor, não sei como
ser mais sincero nesse rap
quero dar o melhor de mim
o pior já conheci
e quem não conheceu
é a prova do quão bem escondi
ou, pelo menos, eu acho
debaixo do tapete
cada grama de erro
vale a ponta de um alfinete
mentira tem perna curta
vejo desta maneira:
criança nunca sabe
esconder que fez besteira
fraco. caindo sempre no mesmo buraco
caco. juntei as peças de um espírito opaco
não existe meio termo de dois pólos
um coração em cima do muro
acaba no vácuo
criei minhas algemas
de vício, ego e segredo
e a lacuna no peito
preenchi com doses de medo
“será que eu te conheço?”
“será que eu te pertenço?”
mas no fundo eu sei
que com essa atuação não convenço
tanta lembrança é fardo
me diz como que apaga
eu tava na cela
e saber que eu tinha a chave me traga
eu sabia, ouvia
eu podia ter feito
um dia eu me afogo
com tanto “e se” que guardo no peito
perdi o sono, arrependido
aparando aresta
só queria poder gritar
e estampar na testa:
“mano, eu tava errado
não sou o mesmo. exclui
e por favor, por favor
esqueçam aquilo que eu fui”
senhor, tô nas tuas mãos
que haja correção
e seja vista como fruto
de uma santificação
sei que sou falho
ainda sofro consequência
mas tua graça gera em mim
um processo de dependência
já carreguei muita gente
pra lama comigo
hoje, transformado
quero espalhar que encontrei abrigo
longe dos erros que eu já vivi
me perdoa ter pensado um dia
que eu viveria longe de ti
irmão, pessoas me olham, me acham um castelo forte
mas não. não p-sso de um castelo de papelão
um castelo de papelão, mas só que isso não…
isso não me torna fraco, não. me faz ser dependente
então… depender de ti me faz ser forte
me faz ser forte, mesmo que eu sinta que não. (2x)
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