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puro l – a história do hip-hop chunga lyrics

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a história do hip+hop chunga lyrics
[letra de “a história do hip+hop chunga”]

[verso 1]
após chorar o meu cachet lá deu para fechar mais um gig
claro que ainda ouvi a conversa que isto era bué bom para mim
que era uma montra e que o cabeça de cartaz é um chamariz
prometeram+me o bar aberto e mais tangas que eu me esqueci
mas já aprendi que é importante eu preservar a minha imagem
e disse: por mim ‘tasse bem, mas quem decide é o meu agente
que não só chegou a acordo como cobrou pеrcentagem
mal sabem quе o meu agente era eu com um nome diferente
‘tá limpo, para compensar quando fui pago em obrigados
e o acordo sabotado comigo no mês passado
quando depois de eu aceitar tocar por valores caricatos
um artista de editora foi+se vender mais barato, ri+me
mas quando é assim bazo da cena do crime
para não acabar contigo em cima do ring
desde que não haja uma segunda, eu acho bem que isto termine domingo, tu não estragas outra semana ao passo
que eu não te chibo, chill
siga ensaiar que o tempo passa num instante
e depois de mim, toca um nome grande que eu tanto admiro
se ele assistir, p’ra mim impressioná+lo seria importante
de facto, isto uma boa chance, mas isso sou eu quem decido, xiu
comprei um grife p’a estreá+lo p’a mil
numa plateia que eu espero encontrar repleta
hoje é dia de usar caps e aplicar aquela pose viril
ainda por cima viemos com a team completa
‘tou completamente “wow”, há credencial do show
já vou poder pôr no estúdio p’ra eles verem onde é que eu vou
até lá penduro à cinta e ando com a pausa do outro som
p’a na porta p’ós artistas eles perceberem que eu sou
[refrão]
sou uma estrela em ascensão
mais que fazer rimas, sei fazer uma canção
vindo lá do vale onde não temos tradição
ganhei um lugar ali no norte da nação, uma nação
para muitos uma inspiração
outros só os viram a dançar com o meu refrão
aqueles que não conhecem ainda estão na depressão
quanto aos mc’s que não têm opinião, sem pressão

[verso 2]
entro pelo backstage adentro, a pensar no cumprimento
que vou tentar aplicar na interação com cada um
desde o clássico aperto de mão ao chocar de frente
de punho que eu estou à espera daquele fail que é tão comum
já a pensar no meu futuro, só p’a ver se eu tou seguro
dei o toque ao promotor para lhe cobrar a prestação
e ao esperar no camarim, eu vi morrer o meu glamour
só faltou pôr carne dentro destas sandes de leitão
chega a hora do checksound, e há quem diga soundcheck
aquela altura em que o regula ‘tá no hotel a contar cash
as portas abrem às 10, e faltam cinco ‘prás 7
nisto, o cabeça questiona se eu me importo que ele comece
“achas? é claro que não, assim vais jantar mais cedo
p’ra fazeres a digestão e dares tudo no concerto”
e p’ra mim a ocasião é uma boa oportunidade
p’ra eu ficar a ver fazer o som a um rapper de verdade
uma hora e meia mais tarde e ainda todos aqui estamos
porque sua santidade não atina com os monitores
p’ra quem rima que é da rua e que só precisa de um mic
eu ‘tou+te a ver muito picuinhas a stressar com pormenores
não tarda só janto as onze, já me ‘tou a sentir zonzo
ou então toco sem fazer teste e sigo sem receio
faço aquele sorriso sonso, se eu fosse um rui veloso
queria ver se tu também me irias faltar ao respeito
ter na praça o nome feito não dá direito
a ter tamanho desrespeito com outros do meio
até porque hoje és tu primeiro, depois não sei
da próxima tenta não ser sobranceiro e sê mais parceiro
mas ainda ficou pior do que esperava
tinha a pingar ao meu lado enquanto jantava
a cara do promotor toda suada e eu só perguntava:
“quantos vendeste até agora?”
ele diz que só encheu meia casa e se eu me importava
de trocar a hora e passar a ser eu o cabeça de cartaz
tu ‘tás a gozar né? que nem é por ele
mas o outro artista quer bué dar o baza, então ele que baze
o acordo é que só se ele tocar é que eu pago
e já sabes como é que é, ‘tou apertado
e é aqui que eu devia perder a humildade
prevendo metade do público que está aqui após ele tocar
não ficar cá especado p’ra me ouvir
e eu muito irritado, disse: “‘tá combinado”
como é costume, eu curto assistir ao concerto
não sem antes ser barrado no acesso p’á plateia
o meu sonho é que chegue o dia em que o segurança vá saber
que eu tenho o meu nome gravado no ticket
que ele quer que eu tenha
embora sem a casa cheia, eu ‘tava louco com aquele clima
fui ‘pró palco no final ‘pra ver o último som de cima
o público a gritar mais uma e o desprezo daquele tonto
cara feia e virou costas como quem ‘tá a picar o ponto
ali p’ra mim morreu um ícone, mas vi a nikon virada a mim
agora sou eu, son, mas espera lá
quando comecei nisto, eu não sabia, agora a regra é golden
só subo a palco depois de ter notas no bolso ou no banco
‘tou branco, ainda por cima a gera não arredou
o promotor foi o único gajo da festa que bazou
não sei que faça, vou de graça ou dou de fuga?
que honra tão grande eu fazer parte
da história do hip+hop chunga



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